TRIO FORRÓ FOLIA: O CORDEL INVADE A AVENIDA


Pode-se afirmar que a inovação e a criatividade que Daniela Mercury leva ao Carnaval de Salvador, Márcia Porto traz à Micareta de Feira de Santana. Neste ano, Daniela colocou o teatro em cima do trio e prestou a seus profissionais uma homenagem, por sua vez Márcia convidou o cordel e seus promotores para integrarem a sua participação e também homenageá-los. Tal iniciativa foi muito importante porque acabou por divulgar esses artistas e as suas produções para o grande público, o que atribuiu um toque especial à festa momesca.

(Foto: Márcia Porto e Franklin Maxado)


Márcia dá abertura a sua apresentação com um certo atraso por volta das 18h. Mas, sem perder mais tempo, ela começa esclarecendo para o grande público que começava a se concentrar ao redor do trio que o “cordel é poesia, cordel é história” e anuncia os seus homenageados. Também se fizeram presentes alguns convidados especiais como Adelmo, do Forró Chiada, e o sanfoneiro Pepita. Para incrementar ainda mais aperformance, os dançarinos Tom Moreno e Aline Rocha, devidamente travestidos de roupas de quadrilha junina, realizaram coreografias ao longo do percurso.

Com uma blusa estampada com xilogravuras, os componentes do trio traziam consigo a frase: “Viva a Literatura de Cordel”. Além disso, todo o trio foi rodeado por diversas outras xilogravuras, como as de Ademar Araújo. Há todo momento, Márcia, entre uma canção e outra, não deixava de aludir e convidar ao centro os cordelistas presentes (Franklim e Jurivaldo Alves) e a mencionar outros que não puderam estar lá entre os quais o já falecido Antonio da Silva, responsável por despertar em Márcia a vontade de realizar tal tributo, e Antonio Alves da Silva, considerado um dos melhores cordelistas do Brasil.


Um dos pontos altos da apresentação foi a entrega a Maxado de uma placa em louvor à literatura de cordel. Márcia, no entanto, também foi alvo de elogios. Franklim, em uma de suas falas, afirma ao microfone que “Márcia é uma cantora de sensibilidade”. Adelmo acrescenta que “Márcia Porto é o porto mais seguro do sertão!”.
(Foto: Marcia, Franklin, Jurivaldo Alves, Pepita)
 
Em vez de axé e pagode, muito forró permeou todas as participações animando tanto os foliões pipocas quanto aqueles que estavam no camarote. Após passar pelo corredor da folia, o trio acelera e chega ao fim de sua apresentação deixando a vontade de um pouco mais de poesia e forró na avenida. 

Apesar de ser extremamente significativa para a cultura local, a iniciativa de Márcia Porto não foi devidamente divulgada pela mídia, sobretudo a televisionada. Avanços aconteceram, como o retorno do palco alternativo, mas os artistas da terra ainda necessitam de mais espaço e respeito.

Por Nívia Maria Vasconcellos 
Fotografias de Wannessa Reis

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